quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Vídeo 6: Os Cinco Ensinamentos de Dawa Gyaltsen



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Vídeo 6 – Luz Clara é União

Eis a quarta parte dos ensinamentos de Dawa Gyaltsen.

Iniciamos por “visão é mente”, “mente é vazio”,

“vacuidade é luz clara”, “luz clara é união”.

Parte quatro é, isto é, “Luz Clara é União”, que é como uma resposta, mas a pergunta é: “o que é luz clara?”

Nossa experiência foi trabalhar com o medo, as dores e as emoções relacionadas com o medo.

Olhamos para o objeto do medo e não pudemos achar nada.

Essa é a nossa visão.

Então nos damos conta: é apenas a mente que restou.

Parte um.

E na parte dois nós buscamos “o que é a mente?”

Olhamos mais de perto e não pudemos encontrar nada com a mente.

A mente simplesmente está vazia.

E na parte três nos perguntamos: “O que é esse vazio?”

Vacuidade não é apenas vazio, não é um nada.

Justamente está cheio de vida, de consciência: “Vacuidade é Luz Clara”.

E na quarta parte: “O que é essa Luz Clara?”

A resposta é: “Luz Clara é União”.

Assim, se você olhar para essa frase “Luz Clara é união”,

temos duas palavras: clara e luz.

“Clara” referindo-se à vacuidade, abertura;

“Luz” referindo-se à consciência, luminosidade.

Ambas não são qualidades separadas e tampouco são experiências separadas.

São apenas uma experiência.

É como sabedoria, sabedoria única, uma única esfera de totalidade.

É muito importante entender isto, porque muitas vezes, em nossas experiências, ou se cai no niilismo ou no eternalismo.

Como muitas doutrinas fazem isso, bem como muitos meditadores, quando praticam, o fazem.

Vou lhes dar um exemplo simples: se você está meditando, habitando na natureza da

mente, residindo naquele espaço interno, há dois possíveis obstáculos que podem ocorrer.

Um é cair no niilismo.

O que isso significa?

Significa que você se sente vazio e essa vacuidade produz entorpecimento.

Produz falta de força vital, de consciência e lhe coloca para dormir.

Essa é uma possibilidade. A de cair no niilismo.

A outra possibilidade no momento em que você se senta na natureza da mente, no momento em que

você se senta naquela meditação da vacuidade, que você se converta num indivíduo mais criativo.

Todas as coisas relacionadas ao trabalho emergem.

Sua criatividade emerge.

Seus pensamentos surgem, todas as suas emoções emergem.

Basicamente, a mente se torna mais ativa do que antes.

Por que?

Por que quando a pessoa se dispõe a descansar, a mente se torna mais ativa?

Simplesmente porque ela não tem as experiências daquele espaço.

Não tem conexão com aquela base.

Não tem conexão com aquela mãe, a mãe interna, a essência interna.

Portanto, está sentindo e encarando todos esses pensamentos e emoções não convidados.

Isso simplesmente acontece o tempo todo em nossa experiência.

Portanto, essa é exatamente a razão pela qual se diz “ Luz Clara é União”.

Luz Clara é União.

Assim, não apenas filosoficamente elas estão unidas ou são inseparáveis; espiritualmente é assim

que a pessoa deve experimentar isso.

Logo, nos estágios de desenvolvimento de nossa prática dos ensinamentos quíntuplos de Dawa

Gyaltsen, chegamos ao quarto estágio de experiência, onde, ao nos sentarmos naquele espaço

interior, devemos ter um equilíbrio completo dessa abertura e consciência.

Dessa vacuidade e dessa claridade.

Então, o estágio inseparável entre vacuidade e claridade é muito importante.

De forma que o repassaremos brevemente:

Ao olhar para os objetos do seu medo, a visão, você não vê nada.

Então você olha para quem está olhando; você olha para o sujeito do ego; você não encontra nada.

Aí você olha para quem está observando e não há nada também.

Você daí experimenta uma completa espacialidade internamente. Completa espacialidade.

E você está plenamente consciente disso.

E essa consciência não é diferente dessa abertura.

Essa abertura não é diferente daquela consciência.

Não há separação. É um estado inseparável.

E você descansa neste estado inseparável.

Sem elaborar, sem analisar, sem julgar, sem nada.

Você simplesmente descansa nesse estado inseparável interno de abertura e consciência.

Toda vez que há visões vindo, você trabalha com a primeira parte da prática.

Observa a visão.

Seja quando for que este sujeito esteja tomando controle, você pergunta com a parte dois da prática.

“O que é a mente?”

E então a mente se dissolverá, qualquer objeto se dissolverá e você estará de volta àquela mesma

consciência aberta, ao estado inseparável de abertura e consciência.

Você simplesmente repousa ali.

Como disse antes, descanse por cinco minutos. Se você está acostumado a sentar-se para praticar

por um tempo maior, descanse por meia hora, uma hora.

Mas sempre se lembre que sentar pouco e com clareza é melhor do que sentar por muito tempo e

entorpecido.

É importante familiarizar-se com este estado de clareza.

Porque, imagine em nossa vida comum, por quanto tempo convivemos com essas histórias de

medo, com as emoções do medo?

Por quantas horas, consciente e inconscientemente?

Há momentos em que estamos conscientes disto e momentos em que sequer nos damos conta, mas ainda estaremos aptos a habitar isso.

Assim, a habilidade de mudar um hábito a partir deste lugar para descansar naquele puro estado de inseparável abertura e consciência demandará certo tempo e familiaridade.

Bem, de qualquer modo, o ponto principal aqui é o de simplesmente tentar descansar naquele estado inseparável de abertura e consciência o tão clara e demoradamente que você conseguir.

Repita isto e tente estar mais familiarizado com isto tanto quanto seja possível.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Vídeo 5: Os Cinco Ensinamentos de Dawa Gyaltsen



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Vídeo 5 – O Vazio é Luz Clara

Então, a terceira parte dos ensinamentos de Dawa Gyaltsen é: Vazio É Luz Clara.

A primeira parte foi “Visão é Mente”; a segunda parte foi “Mente é Vazio” e agora temos “Vazio é

Luz Clara”.

Isso é como uma resposta.

A pergunta é: O que é o Vazio?

Em nossa experiência desta prática, nós estamos olhando para o medo, todas as visões e sofrimentos

do medo.

E quando olhamos de perto para elas, não encontramos nada como objeto.

Então olhamos para o sujeito, o que é a Mente?

Não pudemos encontrar nada sólido, nenhuma existência inerente à mente tampouco.

A mente é simplesmente vazia.

E o que é o vazio?

Esta é a busca que nós queremos fazer.

Na sua experiência, não encontrar nada do seu medo, seja interna ou externamente, não encontrar

este medo, ego, e quanto mais você olha de perto e de mais perto dentro, isso tudo apenas se

dissolve completamente, e se transforma em nada.

Basicamente você não encontra nada, nada, nada.

O que isso significa?

Significa que nada está lá, quando você experimenta este nada?

Você não encontra nada, não vê nada.

O que isso significa? É isso o nada?

Não!

E essa é exatamente a razão porque a terceira pergunta é muito importante.

Porque, muitas vezes, ainda que filosoficamente, muitas crenças e doutrinas caíram nesta visão

niilista, que significa que praticantes, em suas experiências, caíram na negação.

Basicamente, em um momento que eles não veem nada, dizem: - Ok, então não há nada.

Então, novamente eles vão, do mesmo modo, para um nada muito profundo.

E este nada pode também causar a depressão.

Rigidez, como os militares, dureza em seu corpo, sua respiração, seu comportamento.

Esta é uma questão muito importante.

É por isso que perguntamos: O que é esse vazio?

Então, Vazio é Luz Clara!

Vazio é Plenitude.

Esse vazio é a fonte de todas as qualidades.

Esse vazio, essa abertura é a solução.

Essa abertura é como uma mãe que dá a luz a uma criança.

Esse espaço é como a terra onde cresce toda a vegetação.

Esse espaço é como o céu, onde todas as estrelas e planetas existem.

A única maneira deles existirem, de conhecerem seu potencial em sua luminosidade, em sua energia

dinâmica, em seu aspecto dela.

Traduzindo de forma simples, na nossa própria experiência neste momento é a qualidade de

despertar, o despertar.

Não o nada, mas o despertar! Estar consciente disso.

Assim, na prática, quando você olha dentro disso, procurando a sua mente, você não encontra nada.

Este é o lugar onde deixamos nossa última prática: Eu não encontro nada.

Não há ego, não há eu, não há minha mente que eu possa identificar em um lugar.

Isso se tornou somente como um espaço.

Estar consciente disso!

Olhar essa consciência, sentir a consciência disso.

Essa consciência é como a luz do sol.

Se não há nuvens no céu, você olha através do céu claro para o sol, e então você vê a luminosidade

da luz do sol.

A ausência de nuvens ajuda a ver o céu, a presença do céu ajuda a ver a luminosidade do sol.

A ausência do medo, como visão, medo como sujeito, ajuda a ver nossa abertura, nossa abertura

interior.

A presença de nossa abertura interior ajuda a ver nossa consciência como luminosidade interior.

Você pode vê-la?

Pode senti-la?

Então, não é apenas um nada, é simplesmente um completo despertar, plena luz do sol.

Apenas esteja nesse alerta, nessa vivacidade.

Conecte-se com ela.

Assim, quanto mais você se conecta com essa consciência, menos chance você tem de cair no

niilismo, na negação.

Se você olhar, muitas vezes as pessoas fazem práticas sentadas, - eu visitei alguns lugares, alguns

grupos onde eles fazem a prática sentados, eu pude ver que eles estão em boas posições num

primeiro momento, e depois de, 10 minutos mais tarde, todos estão fazendo esta posição (pendendo

a cabeça sobre o peito).

O que é isso? Isso é não-consciência.

Isso é claramente yoga da posição de dormir.

Eles caíram no sono, e pensam que estão repousando na natureza da mente, ou sentados no vazio,

mas não estão.

Por quê?

Talvez, no começo, eles tenham tido uma experiência de vazio, e então, por falta de clareza, eles

caíram em entorpecimento, e esse entorpecimento os colocou em um sono profundo.

Eles não estão acordados, eles não são nem capazes de manter suas cabeças eretas.

Isso é um sinal de falta de consciência.

Assim, é muito importante não apenas ter uma experiência de esvaziamento na terceira prática, de

estar consciente desse esvaziamento, de estar nesse estado de consciência, e continuamente ir se

tornando familiarizado com essa consciência.

Vídeo 4: Os Cinco Ensinamentos de Dawa Gyaltsen


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Vídeo 4 - A Mente é Vazio

Então, a segunda parte dos cinco ensinamentos de Dawa Gyaltsen é - Mente é Vazio –

Basicamente, a segunda linha é chamada de: a mente é vazio.

Basicamente esta é a resposta da pergunta: o que é a mente?

Porque, a primeira parte foi – Visão é Mente, então nós encontramos que Visão é a Mente, não há

nada sólido dentro dela.

A próxima pergunta é: o que é a mente?

Por isso a resposta é: A Mente é Vazio.

Isto é simplesmente uma pergunta intelectual e uma resposta intelectual.

Mas, como essa pergunta se aplica a alguém, a mim, em nossa vida?

Como essa resposta faz sentido na experiência, no nível experiencial para nós mesmos, de forma

que se torne a fundação ou causa de um novo desenvolvimento?

Isto é importante, estar consciente, saber.

Então, como exercício, como prática que isto pode ser, claro, não há maneira de fazer a segunda

parte da prática sem fazer a primeira parte da prática.

Para aqueles que não o fizeram, recomendo fortemente que o façam.

Agora, se você já fez a primeira parte, o que é por se dizer a visão da dor, visão das emoções

negativas, visão do medo, tendo essas visões internas, e dizendo: o que é isto?

E claramente percebendo que não há nada sólido ali. É apenas minha mente.

Agora, especificamente, neste momento, quando você compreende isto, você se pergunta:

- O que é minha mente?

Onde está a minha mente?

De onde ela vem?

Aonde ela está, para onde está indo?

Tem ela uma cor especifica, uma forma, uma localização, alguma consistência?

Apenas se faça essas perguntas.

Mas não faça muitas perguntas de forma intelectual, olhe internamente numa observação dos seus

sentidos.

Não pensamentos analíticos, mas como observação pelos sentidos.

Olhe com sua consciência, consciência não conceitual.

Olhe isso!

Aonde está a minha mente?

De onde ela vem?

Aonde ela fica, para onde vai?

Apenas olhe internamente, olha perto, mais perto, mais perto e mais perto ... e aí acontece a mesma

coisa.

Aquele medo, aquela dor, aquele eu... eu – o ego, se dissipa!

Um depois do outro, todos se dissipam.

Novamente, do mesmo modo que antes, como as nuvens se dissipando, se dissolvendo no céu.

Por que estas nuvens estão se dissolvendo no céu?

Porque, aqui, o sutil vento da nossa consciência interna está soprando em direção do nosso ego, em

direção daquele medo, daquela dor.

E por causa deste vento, estas nuvens internas de ego e dor estão se dissipando neste céu interno

vasto.

Gradualmente, lentamente, estão se dissipando, dissipando.

E o que você encontra?

Você encontra uma nova grande descoberta de abertura, uma nova dimensão, abertura, que você

experimenta internamente.

O que você sente?

Você sente muita liberação, liberdade, paz, e possibilidades naquele espaço.

O único meio disso acontecer é quando você aprende como observar diretamente.

Em outras palavras, como observar não-conceitualmente, sem pensamentos.

Da mesma forma que os sentidos observam.

Neste caso você está observando a mente, não a visão.

Na segunda prática, você observa a mente, não a visão.

Na primeira prática você observa a visão, não a mente.

Você observa, observa, observa... e ela se dissipa.

E então você se sente como completamente, em 100% de abertura.

Porque, na primeira prática, quando você fez, se sentiu como se a visão do medo tinha dissolvido.

Na segunda parte da prática você sentiu que o próprio medo se dissolveu. A dor, ela mesma, se

dissolveu.

Então, a habilidade de fazer isto, de novo e de novo, lhe faz sentir uma completa experiência de

abertura.

E o que você faz nesse momento?

O mesmo que antes, você repousa na abertura interna, nessa vastidão interna.

Sem elaborar nada, sem analisar, sem julgar nada, simplesmente repousa nesta interna vastidão,

onde você está sentindo uma sensação de paz sem medo e dor.

E não é só o medo e a dor, mas o medo e a dor que você está sentindo fortemente neste momento

particular de sua vida.

Este é o remédio para essa dor e esse medo.

Isto não apenas vai lhe ajudar a curar seu próprio medo e dor, isto também vai ajudar-lhe a curar a

dor coletiva, e medos coletivos, que compartilhamos com nossos membros familiares, que

compartilhamos com nossos amigos próximos, e também num sentido maior, de país.

Num sentido global de medo coletivo que temos.

Isto ajudará!

Com certeza, as pessoas imediatas com quem você tem uma ligação emocional muito próxima, vai

ajudá-los também.

Toda vez que você se sentir em abertura, isto vai afetar a todos que estão relacionados com você.

Então, a segunda parte da prática, a pergunta é : o que é a mente, e a experiência de que a mente é

vazia.

Então, em qualquer momento, qualquer momento, mente é sempre clara.

Então, apenas pense sobre isso, como última coisa, não importa o quão dolorido você esteja, não

importa o quão amedrontado você esteja, não importa o quão confuso você se sente, apenas

compreenda que, em cada momento, se você olhar diretamente para sua mente, aquelas nuvens vão

se dissolver e você vai encontrar sua paz interna, sua abertura interna.

Em qualquer momento dado, elas estão sempre lá, e você tem a porta.

Você apenas tem que olhar na direção certa, da maneira correta.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Vídeo 3: Os Cinco Ensinamentos de Dawa Gyaltsen



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Vídeo 3 - Visão é Mente

 

Então, a primeira parte da prática de Dawa Gyaltsen, dos  Ensinamentos quíntuplos de Dawa Gyaltsen, é “A visão é a mente.”

Assim, o que é a visão?

Visão é algo que temos em nossa mente, em nossa cabeça.

Por exemplo, a visão do medo.

A visão das cinco emoções negativas que estão relacionadas ao medo.

As dores que são causadas por esses cinco venenos.

E que são primordialmente causadas pelo medo.

Todas elas são nossa visão interna.

Temos essas experiências por causa de muitas razões.

Porque temos uma fundação, algo chamado de um corpo kármico conceitual.

Também podemos olhar para isto ou um aspecto disto como um corpo de dor.

Assim, um corpo kármico conceitual cria um corpo conceitual de dor.

E este corpo kármico conceitual não é apenas individual, às vezes pode ser também coletivo.

Podemos ter um corpo kármico conceitual coletivo com os membros de nossa família.

Então, temos um corpo de dor, um corpo de dor coletivo, com os membros da nossa família.

Temos um corpo coletivo de dor com o país do qual fazemos parte.

Deste modo, compartilhamos isso individual ou coletivamente.

Por causa disto, algumas vezes nossos medos não são necessariamente apenas parte de você mesmo, mas também parte de situações coletivas maiores.

Assim, se você olha isso de maneira ou coletiva ou individual, vamos olhar para esta visão, olhá-la bem de perto, neste exato momento: meu medo, minhas emoções negativas, os cinco venenos relacionados com esse medo, minha dor e confusão relativas a essa dor.

Minhas situações que estão causando dores a outras pessoas.

Que também estão relacionadas ao meu medo interno.

Você pode ver muitas camadas do seu medo.

Agora, neste exato momento.

Não estou falando do passado, não estou falando do futuro, estou falando deste exato momento na sua vida.

Então isto é como uma visão interna.

Em algum momento, alguma vez você olha mais de perto e descobre.”Não há nada!”.

Neste exato momento você pode ser tão feliz quanto consiga ser.

Pode estar tão entusiasmado quanto consiga estar.

Pode estar tão cheio de energia quanto seja possível.

Mas de algum modo, por seus condicionamentos e hábitos, você escolhe despertar esse medo, você escolhe habitar nesse medo e escolhe sofrer através desse medo.

Temos que mudar isso, ao saber que é isto que está nos acontecendo, que estamos contribuindo para isso ocorrer.

Portanto na primeira parte da prática, você senta em uma posição confortável, fecha os olhos e observa esta visão.

Apenas diga:

“Visão é mente.”

Somente olha essas imagens.

Visão é mente.

“Minha visão de meu medo é apenas minha mente.”

“Minha mente está criando estas visões”.

 

Então o que você pode fazer é dizer umas poucas vezes, somente para se recordar; aí você internamente observa-a mais de perto.

Cada vez mais de perto, mais perto, como se você estivesse examinando uma flor.

Você vai aproximando e olhando-a cada vez mais de perto.

É com os sentidos que você está olhando mais de perto.

Internamente, com uma consciência não conceitual que você se aproxima, cada vez mais, mais e mais de perto.

Assim, quando você observa mais de perto desse modo, o que ocorre é que estas visões se dissipam, como nuvens que se dissipam no céu.

Estas nuvens estão se dissipando porque o poderoso vento sutil da sua consciência as está soprando para longe.

Portanto, essas visões estão se aclarando.

Então você não vê nada!

Em certo ponto, você simplesmente não vê.

Todos esses objetos, todas essas histórias, simplesmente desaparecem.

 

E então, o que sobra?

Simplesmente a mente que os está tentando encontrar.

Tentando observar onde estão.

Apenas resta a mente, somente sobra  a consciência.

Desse modo, não há um objeto lá para ser encontrado.

O sujeito é deixado sem um objeto.

Então é o que isso significa:

“Visão é mente”.

Não estou encontrando o que estou procurando; ao invés disso, apenas estou encontrando quem está observando o objeto.

 

Nesta experiência , o que acontece?

Você apenas sente como: Ahffffffffffuuuuuuuu

Como se 40-50% do seu medo, de um pedaço do seu medo, tenha acabado de  se dissolver.

 

Todos os objetos e histórias relacionadas a esse medo como que diminuíram, se dissolveram.

Seu corpo, seu espírito, sua mente, sua respiração, tudo se tornou -  Aaaahfffffffffffffffffuuuuuu – muito mais leve.

E o que você faz? Você apenas repousa nessa leveza da mente.

Faça por 5 minutos, 10 minutos, 15 minutos, 1 hora, 2 horas...

Depende da sua habilidade para sentar-se em consciência.

 

Mas se você estiver acostumado a ficar  sentado em consciência, senta por mais tempo!

Porém, se você não estiver acostumado a sentar-se em consciência, sente por menos tempo, mas de forma clara!

Há muitos praticantes que sentam por muito tempo, mas sem clareza.

É melhor se sentar por menos tempo, mas claro.

Logo, mesmo que seja por 5 minutos, esse é um grande começo para você se  desenvolver.

Assim, o que você pode fazer é simplesmente repetir este exercício, encontrar essa leveza e sentar-se aí, por tanto tempo quanto possa.

Repita isso de novo, e de novo, e de novo.

Essa é a primeira parte da prática.

 

Vídeo 2: Os Cinco Ensinamentos de Dawa Gyaltsen



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Texto completo das legendas:

INTRODUÇÃO II


 

Para introduzir os ensinamentos quíntuplos de Dawa Gyaltsen: a visão é a mente; mente é vazio; vazio é luz clara; luz clara é união e união é grande gozo.

 

O que isso significa?

 

Basicamente, isso significa que sua visão, seja interna ou externa, particularmente aquelas visões internas, como uma visão de medo, uma visão de dor medrosa, sofrimentos relacionados ao medo, confusões relacionadas ao medo, raivas relacionadas ao medo, todas as estórias relacionadas a esse medo, se você examiná-las, todas são visões internas.

Você fecha seus olhos, estão apenas na sua cabeça. Está em sua visão. Provavelmente não há muito lá fora.

Assim, olhe para todas essas coisas em sua cabeça: essa é sua visão.

Então, se você entender verdadeiramente que essa é  sua visão interna, que está tudo em sua cabeça, então o que acontece?

Assim é como você entende que "essa visão é apenas minha mente".

Apenas minha mente criou uma visão.

Então uma segunda pergunta vem: o que é a mente?

Nesse momento, olhamos segunda parte da prática: a busca pelo que é a mente.

O que é  uma mente?

O que é minha mente?

Quem sou eu?

Como é minha mente?

De onde ela vem?

Onde ela fica?

Para onde ela está  indo?

Está  em algum lugar?

Você  procura por isso internamente, direta e claramente, sem análise. Quando você faz isso, você realiza uma experiência interna. Uma experiência interna na qual você não encontra nada!

Ao invés disso, você encontra vastidão interna, abertura interna, despertar interior.

Essa é  a experiência que você  tem.

Quando você  obtém isso, mas não encontra nenhuma mente a ser detectada, esta é a experiência da  segunda parte da prática.

Então assim a questão é, não consigo encontrar a mente.

A mente é basicamente vazia.

E de que se trata essa vacuidade?

De que se trata esse espaço?

De que se trata esse nada?

De que se trata esse ilimitado?

Assim a jornada não para aqui ao não encontrar sua mente, a jornada continua.

Portanto o terceiro passo é encontrar o que é essa vacuidade.

Esta é  a razão pela qual é  importante formular a pergunta: o que é essa vacuidade?

Porque muitas vezes, quando as pessoas buscam a mente e não encontram nada, elas caem numa armadilha niilista: "Oh, não há nada ali!”

Logo, não há nada com o que se preocupar".

A pessoa cai no niilismo, na negação e na falta de consciência na prática.

É por isso que você se pergunta: o que é essa vacuidade?

É por esse motivo se diz que "Vacuidade é  luz clara".

Assim você  faz essa pergunta e, em seguida, observa esse espaço.

Não há  nada, mas você pode estar plenamente consciente desse nada.

Você pode estar totalmente desperto nesse nada.

Você  pode estar plenamente vivo nesse nada!

Como um sol pode estar brilhando sem nuvens no céu claro nesse nada.

Assim a luz do sol é uma parte muito importante desse espaço vazio, desse céu vazio.

Você  olha para aquele céu claro e você vê a luz do sol.

Você olha através desse vácuo, através dessa abertura, você vê a consciência da mente.

É por isso que a terceira parte é chamada de "Vacuidade é  luz clara."

Assim, chegamos  à quarta parte e você diz:

"O que é  luz clara?"

Procurei a mente e não pude achar nada. É totalmente vazia.

Examinei essa vacuidade e não vejo nada. Só vejo um pouco de consciência pura.

Agora, o que é essa consciência pura?

Essa é então a  quarta pergunta: luz clara é união.

Essa é  a resposta para a quarta pergunta. Luz clara é união basicamente significa, são duas palavras, luz e clara, que ambas são união.

Clara se referindo ao aspecto da vacuidade, a luz se referindo ao aspecto da  consciência.

Sim, ela está  vazia, mas você tem que estar consciente.

Sim você  tem que estar consciente, mas sem perder a conexão com a vacuidade.

É isso que quer dizer.

Assim, luz clara é união.

É claro que a palavra  "união"  é mais usada no  Tantra,  enquanto no  Dzogchen a palavra "inseparável"  é mais utilizada.

Mas na experiência verdadeira não faz tanta diferença para nosso sentido comum.

A coisa mais importante  é que na sua experiência quando você sentir essa união, quando sentir esse estado inseparável, isso é tudo o que importa.

Assim o quarto ponto, "luz clara é união", é muito importante porque, quando as pessoas têm experiências de luz, ou as pessoas têm experiências de clareza, de qualidades, como compaixão ou amor, às vezes é possível perder a conexão com a base, com a vacuidade.

Por isso o aspecto da união é muitíssimo importante.

Assim, se há uma união, então você apenas repousa nessa experiência.

Essa é a fruição da quarta parte da prática.

A última parte é  a quinta parte da prática. Também é uma afirmação simples que diz: "União é grande gozo".

A união de vacuidade e clareza é grande gozo. Assim, grande gozo, gozo é como um despertar interno.

Como uma experiência interna, como uma alegria interna.

Claro, todos nós podemos ter experiências de alegria em nossa vida comum.

Podemos dizer: "Oh, que beleza!" ou "Estou muito feliz hoje!".

Estas alegrias não são a mesma coisa. Quando você tem a experiência de união, isso é grande gozo.

União é grande gozo.

Esse gozo é como um despertar espiritual, porque vem da percepção de uma qualidade interna, a percepção da natureza da mente.

Por isso, é como um verdadeiro despertar, um verdadeiro gozo, gozo sem esforço.

Gozo espontâneo.

Se você olhar para essa experiência, particularmente para cada experiência de que viemos falando desde o começo, trabalhando com o medo e com tudo da mente que está relacionado com o medo, as emoções negativas, dor, sofrimento e da confusão relativa ao medo, se você olha todos esses aspectos da mente, eles podem se converter nessa bem-aventurança, podem se tornar esse despertar, quando se segue essas cinco sequências principais.

Assim, uma maneira simples dizer seria, você começa com a dor ou o medo e quando percebe que essa é sua  visão,  que é uma visão; e que a visão é a mente, que a mente é vazia; que a vacuidade da mente é luz clara; que luz clara é união; então essa visão dolorosa pode se tornar um grande gozo.

Assim, a conclusão é que uma dor pode se liberar em um grande gozo.

Vídeo 1: Introdução a Os Cinco Ensinamentos de Dawa Gyaltsen

Esta é uma série de 8 vídeos de Ensinamentos Dzogchen feita pelo mestre budista tibetano Geshe Tenzin Wangyal Rinpoche, em que ele explica a essência do ensinamento do coração de Dawa Gyaltsen, um Mestre de Meditação Budista da tradição tibetana Bon, do século 8.

Estes ensinamentos são projetados para guiar o praticante à raiz de si mesmo, à experiência clara e gozosa que é a verdadeira natureza da mente.

Como é pedido pelo mestre tibetano, que as pessoas repassem este conhecimento adiante, a equipe deste site fez uma tradução da prática a partir dos ensinamentos em inglês do mestre.

Desta forma, colocaremos abaixo de cada vídeo o texto das legendas em português.

A única ressalva que fazemos aqui é pela escolha da palavra para traduzir Bliss. O mestre budista usa a palavra Bliss, sempre a mesma, para a experiência de êxtase mais alto; as legendas dos vídeos variam entre bem-aventurança, graça, êxtase, beatitude, gozo, etc, mas no original é sempre Bliss.

Assim, caro leitor ou leitora, se você prefere usar uma outra, sinta-se à vontade para isso.

Este é o link para o canal do Ligmincha Institute no Youtube.

Segue o primeiro vídeo:

 



***

Vídeo 1 -   Introdução

 

Esta é a continuação dos ensinamentos no Youtube.

Sei que muitos de vocês tem seguido meus últimos ensinamentos aqui no Youtube.

Ensinamentos sobre as Sílabas-Semente do Guerreiro.

Tenho recebido vários relatos maravilhosos de muitas pessoas.

Estou muito feliz de saber disso e decidi fazer mais.

Pois isto está continuamente a beneficiar muitas pessoas e isso parece claramente uma maravilhosa, uma verdadeira ferramenta – a mídia é uma ferramenta maravilhosa, a tecnologia é uma ferramenta maravilhosa para ultrapassar as fronteiras, muitas fronteiras e somos capazes de fazer isso.

Não é preciso ir até muitas pessoas e todas essas pessoas não precisam vir até mim e ainda assim é possível comunicar alguns ensinamentos.

Estou muito feliz de estar fazendo isso.

Para àqueles que tem visto e tem realmente tentado seguir seriamente as práticas,estou muito feliz que estejam fazendo isso.

Mas se isso também é muito significativo para você, então lhe peço que faça outras pessoas saberem disso.

Basicamente tomando uma pequena iniciativa de juntar um punhado de endereços e informar outras pessoas que possam se beneficiar, seus amigos e assim por diante.

Estou pedindo especialmente àqueles de vocês  que sintam que isso lhes seja de benefício.

É assim que podemos compartilhá-lo com  mais pessoas.

Eu me sentirei maravilhado por estar pondo meu esforço e energia para fazer isso e também meus alunos estão me apoiando para  fazê-lo.

Na tradição Budista do Bön, nossa meta de vida é alcançar a liberação completa da Buditude.

A natureza búdica está em cada ser senciente.

Não apenas seres humanos, mas cada inseto e qualquer animal, todos eles tem a mesma natureza búdica.

Uma parte importante do significado dessa nossa vida é alcançar isso.

 

Assim, no Dharma, há três vias principais:

Uma é chamada de trilha da renúncia; basicamente você renuncia às suas negatividades, suas emoções negativas, seus pensamentos negativos a qualquer tempo que surjam.

Assim você aprende a controlar e a renunciar.

Esse é mais o caminho do Sutra.

 

A segunda via é a trilha da transformação, a via do Tantra.

Basicamente, não necessariamente se renuncia às coisas, se renuncia aos cinco venenos, à ignorância.

Se tenta trabalhar com esses cinco venenos e transformar essas cinco energias nas cinco sabedorias.

Basicamente, esta é a trilha da transformação.

 

E finalmente a trilha da liberação, que é a trilha do Dzogchen, que é muito mais como não renunciar aos seus cinco venenos ou às suas emoções negativas, ou não tentar trabalhar e transformar e modificar as emoções negativas.

Ao invés disso, deixá-las como elas são, onde elas estão, não as seguindo, nem elaborando sobre elas, apenas deixando tudo como está.

E quando você deixa essas emoções negativas como elas estão, elas não tem nenhum poder próprio para continuar.

O que acontece é que elas se liberam por si mesmas.

Isto é chamado de "auto-liberação".

 

A metáfora para esses três caminhos é como o exemplo do veneno de planta.

A pessoa comum não é capaz de usá-la, se comê-la, morre.

Portanto tudo que você faz é tentar renunciá-la, jogá-la fora.

Guardar num lugar em que as crianças não possam tocá-la, em que ninguém possa tocá-la.

Este é o caminho da renúncia.

Ou médicos que tenham perícia e conhecimento para transformá-la, então o médico adiciona algumas outras plantas medicinais e transforma aquele veneno num remédio e cura uma doença.

Logo, é como o caminho do Tantra, a trilha da transformação.

E o pavão come o veneno, mas o pavão não precisa renunciar a ele ou tentar mudá-lo e transformá-lo.

O pavão come o veneno tal como ele é.

O que o veneno faz ao pavão é ressaltar a cor e a beleza da vida do pavão.

Essa é a abordagem do Dzogchen.

Esses são os três principais métodos da trilha para a liberação.

Eles são todos importantes, igualmente importantes.

 

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Medo de Finalizar Relações

Um dos medos que grassam pela nossa sociedade moderna, notadamente na ocidental, é o medo de terminar relacionamentos --- sejam eles profissionais, amorosos, simples amizades ou quaisquer outros.

É muito comum que mulheres casadas com homens ingratos, traidores, desrespeitosos, violentos até, permaneçam casadas por medo de terminar o relacionamento, e todos os pretextos para manter a relação doentia parecem muito legítimos, mas raramente passam de desculpas internas para não enfrentar o medo do fim.

E com os homens também se dá o mesmo: permanecem casados com mulheres que não os atraem, que não os estimulam, que não agregam valor em suas vidas, que não são aquelas pessoas que pareciam ser no início do casamento.

Não raro estes relacionamentos se seguram nas falácias de que os filhos vão sofrer muito com a separação; que vai sair muito caro dividir o patrimônio, quando há; de que os pais não suportariam presenciar a separação do filho ou da filha; e por aí vai a mentirada.

Com os relacionamentos comerciais ou profissionais dá-se a mesma coisa.

Muitos empregados não suportam a empresa em que trabalham, passam a maior parte produtiva de seu dia fazendo algo de que não gostam (para não dizer fazendo algo que abominam), com colegas com quem não se afinam. Mas ainda assim permanecem violentando-se diariamente, criando doenças que só materializam o mal estar que o dia a dia representa.

Muitos chefes e patrões também gostariam de mandar empregados insolentes, improdutivos, desrespeitosos embora, mas apegam-se a desculpas esfarrapadas para adiar o fim do relacionamento profissional, inventando desde preocupações (legítimas ou não) com a situação da família do empregado caso ele fique desempregado, até "medos" de represálias ou retaliações públicas.

Os trabalhadores autônomos, então, que não contam com a suposta segurança do salário garantido que têm os empregados e funcionários públicos, acabam muitas vezes por aturar clientes que nem representam lucro, que causam dissabores, que não respeitam, pela ilusão de que se "perderem" um cliente vão estar em péssima situação.

Todas estas situações acima ilustram um medo comum: o medo de dar fim a um relacionamento desgastado.

As origens deste medo podem ser muitas, mas cabe a cada um investigar qual (ou quais) traumas do passado ainda permanecem vívidos o suficiente para insuflar receios muitas vezes infundados. Cabe a cada um relativizar estes momentos traumáticos, e em vez de sufocá-los (o que implica dar mais força ao medo, que então age sem nenhuma força consciente que o limite) acolher o momento como algo necessário para o seu crescimento pessoal, conscientizando-se que desde o momento traumático até o presente a pessoa já mudou muito, está mais madura, mais inteligente, mais forte, e por isso mesmo caminhando a passos largos rumo à imunidade àquele problema.

Além disso, há que se ter uma crença em alguma Verdade Profunda (seja na lógica pura, seja na Divindade do coração da pessoa, seja nas assim chamadas "Forças do Universo", etc). E essa crença vai dar à pessoa a confiança necessária para saber que ao seguir seu coração tudo vai se ajeitar, e que o transtorno de encarar a outra pessoa e --- de acordo com cada contexto --- dizer a ela para ir embora é um preço baixo a se pagar tendo em vista o benefício vindouro.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Medo do Sucesso

De vez em quando ouve-se por aí a expressão "medo do sucesso", que normalmente só é entendida de primeira por quem não o tem, ou já o superou.

Na verdade, como todo medo, talvez o medo não seja do sucesso propriamente dito, mas das consequências deste.

Para simplificar, vamos tomar dois exemplos hipotéticos para meditar acerca do "medo do sucesso": o sucesso profissional e sucesso nos relacionamentos. E pelo mesmo motivo de simplificar, não vamos entrar no mérito que para pessoas diferentes, conceitos diferentes de sucesso.

As pessoas que tem medo do sucesso profissional (ou das consequências do sucesso profissional) normalmente têm traços de mesquinhez, de sovinice. São pessoas que preferem ficar na mediocridade porque se fizerem sucesso e ganharem dinheiro --- aí sim vem seu verdadeiro medo --- terão que dividir o resultado de seu esforço com outros.

Talvez por ter sofrido na infância algum trauma porque lhe obrigavam a abrir mão do que era seu de direito para dar a outro que não necessariamente merecia aquele benefício.

Talvez porque tenham medo de morrer, e imaginem que compartilhando o fruto de seu sucesso venha a faltar-lhes o suficiente para sobreviver.

Talvez porque não saibam ainda que são livres e soberanas para decidir o que desejam, a cada instante de sua vida, e que não existe essa história de "ter que", a ponto de sua vontade não ser respeitada.

Da mesma forma, podemos imaginar que as pessoas que têm medo do sucesso nos relacionamentos pessoais também sofrem de mesquinhez afetiva.

Talvez sejam pessoas que na infância tenham sido privadas do amor dos pais, ou acreditaram-se assim, e na fase adulta projetam essa crença introjetada em seus relacionamentos, procurando sempre pessoas que não vão amá-las na mesma medida, ou que estejam sempre propensas a abandoná-las.

Assim, essas pessoas desenvolvem um medo profundo de ter um relacionamento saudável, porque temem o que possa acontecer depois: perder o amor de sua vida, serem abandonadas, humilhadas, roubadas no seu sentimento.

Pode ser muito fácil vencer o medo do sucesso. Basta que a pessoa tenha coragem de analisar o medo (sem ter medo do medo, por absurdo que isso possa parecer); humildade para aceitar que o medo faz parte do universo que cada indivíduo é, por isso mesmo não pode ser rechaçado sem ser antes conhecido; e honestidade para não trapacear contra si mesmo no processo de investigação do medo; e, claro, coerência para saber que ao atingir um nível de consciência mais elevado do que tinha antes a pessoa tem de passar a agir de acordo com essa nova consciência, sem achar que ser incoerente com relação à consciência alcançada seja algo pelo qual se passa impunemente.

Hipnose para Vencer o Medo

As pessoas que sofrem de paranoia, pânico, medo intenso, fobias, ou seja qual for a denominação que a ciência dê para a situação, não raro estão dispostas em algum nível a fazer o que for preciso para acabar com o medo, principalmente se a solução puder vir de um ritual, de uma pílula ou até mesmo de uma cirurgia.

Entre os muitos expedientes que a medicina tradicional encontrou para "tratar" o medo está a hipnose, que muitos pacientes e terapeutas consideram, mesmo que oficiosamente, como a "cura definitiva" do problema.

Não é.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Como vencer o medo?

Se alguém se pergunta sobre "como vencer o medo", podemos inferir que para este alguém o medo é um adversário, uma entidade abstrata (creio) contra a qual o sujeito tem de lutar.

Partindo desse pressuposto, podemos dizer que o primeiro passo para vencer o medo, assim como para vencer qualquer oponente, é conhecê-lo o melhor possível.

Só que tem um problema: as pessoas têm medo de conhecer o medo, e por isto não o conhecem realmente. Pode parecer absurdo, mas é a mais pura verdade.

O medo de conhecer o medo é um problema para quem deseja vencer o medo, porque só há uma maneira de conhecero medo: entrando nele.

Entretanto, quando a pessoa toma a resolução firme, em seu coração, de enfrentar e adentrar o medo --- o que não implica necessariamente deixar de senti-lo, longe disso --- ela está munindo-se de ferramentas que o próprio medo dá para ser vencido.

Sem querer antecipar o dever de casa de ninguém, posso dizer que minha experiência pessoal tem demonstrado que todos os medos se adiam. Quero dizer: eu não tenho medo de fazer alguma coisa, tenho medo é da consequência que tal ato possa ter, e ao olhar para esse medo da consequência surge outro medo para mais além, e assim sucessivamente.

Basicamente, os medos são originados ou no instinto de conservação ou em traumas do passado. Mesmo medos como o da solidão, o de passar apertos financeiros, ou outros "embasados" em alguma justificativa aparentemente racional comungam de uma dessas duas origens básicas.

Medos originados em traumas podem ser os mais cruéis, mas também os mais fáceis de vencer. Basta que o sujeito conscientize-se de que esta ameaça não existe mais, e que aquele momento no passado não vai mais se repetir, a não ser na mente da pessoa (aí pode ser eterno) ou se ela mesma construir o contexto para que o trauma se confirme.

Nesta categoria, dos medos originados em traumas, podemos incluir aqueles que não parecem sê-lo: medo de ficar desempregado, por exemplo. Não parece, mas é um trauma que muitas pessoas têm e por ser algo tão comum elas sequer se apercebem disso. Talvez o indivíduo nunca tenha ficado um dia na vida sem trabalho (meu caso, por exemplo), mas ainda assim ele tem medo de ficar sem os meios para viver e sustentar sua família com dignidade; este é um trauma que é reforçado diariamente, a cada hora, pelas notícias que se divulgam nos meios de comunicação em massa, pela partilha de medos e preocupações de terceiros, etc.

Já os medos originados no instinto de conservação (claro que o medo de morrer é o mais comum, mas há outros) podem ser vencidos se o sujeito conscientizar-se de que, assim como toda criatura viva na face da Terra, em algum momento ele também vai morrer. Saber-se como um ser cuja existência física vai acabar em algum momento é, acima de tudo, uma prova de consciência da condição humana.

Isto acaba levando a um outro âmbito a reflexão: o das crenças.

Não cabe a mim julgar as crenças de ninguém, e não o faço (embora não possa deixar de conjeturar sobre elas). Da mesma forma, pouco se me dá que julguem --- e principalmente que condenem --- o meu sistema de crenças. Ele me serve, e é praticamente imutável em sua essência: as adaptações que recebe no decorrer do tempo servem apenas para dar uma forma mais útil às minhas crenças, não para mudar a sua base.

A fim de vencer o medo da morte, é mister que o sujeito tenha uma crença muito sólida em algo que seja verdadeiro, ou que lhe pareça verdadeiro. Essa crença nessa Verdade Profunda, por assim dizer, é que vai dar à pessoa estabilidade, autoconfiança e energia para conhecer cada um de seus medos, mapeá-lo e seguir em frente.

Entretanto, é necessário que tudo isso esteja amarrado pelo fio da coerência, sem a qual todo esse conhecimento e esse trabalho de autoconhecimento serão meramente letra morta, conversa fiada, e em vez de vencer o medo o sujeito se deixará enrolar por ele, até ser sufocado como num ataque de jiboia.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O MEDO DA ENTREGA

Todo ser humano nasce com um medo básico: o medo da extinção, o medo da morte. Porém, cada um desenvolve a partir desse medo básico, outros temores. Há dois temores específicos, que se entrelaçam um no outro: o medo de entregar-se ao amor e o medo de conhecer-se.

Desde Platão, há uma crença: a crença da divisão. Na sociedade grega, acreditava-se que havia existido um ser sobre-humano, um super-homem que tentara desbancar os deuses. Esse ser, era hermafrodita, pois possuía ambos os sexos. Castigado pelos deuses, esse ser foi partido em dois, homem e mulher, e desde então tem vagado pelo mundo buscando novamente ser um único corpo, uma única alma.

Assim, homens e mulheres, ao longo dos tempos, acreditaram na famosa história de encontrar sua “cara metade”, como se a falta que sentissem fosse a falta do amor de um companheiro. Encontrar esse ser que nos completa, tornou-se através da arte romântica e depois nos dias atuais, quase uma obsessão.

Porém, há quem tema esse encontro, pois o amor costuma nos revelar para nós mesmos. Eis aí, o medo que assola nossos dias: o medo da entrega. Entregar-se ao outro não significa necessariamente ter sexo com uma outra pessoa. Significa confiar segredos que não confiaríamos aos nossos amigos, significa dizermos o que pensamos e sentimos sem medo de sermos abandonados ou rejeitados, significa partilhar partes de nós mesmos que não partilharíamos com mais ninguém.

É, isso sim, ter intimidade suficiente para sermos nós mesmos, em nossa pura verdade, sem nenhuma máscara. Mas isso assusta. Porque ter intimidade com outro ser implica conhecermos muito bem a nós mesmos. E conhecer-se é um processo lento, doloroso e que demanda muita coragem. Para conhecer-se a fundo, é necessário descobrir-se falho, cheio de imperfeições e limitações, humano.

É preciso que amemos nosso lado sombrio e perverso. Que aceitemos possuir sentimentos como desconfiança, aversão, ciúme, inveja, raiva. E, tendo aceitação por essa nossa parte negra, nos aceitemos por inteiro, nos amemos em toda a nossa imperfeição. E esse é um processo muito difícil, porque no mais das vezes apresentamos aos outros e a nós mesmos, apenas os aspectos bons, dignos de serem elogiados, de nossa personalidade.

Isso porque vivemos num mundo de imagens idealizadas. Você já viu uma super modelo ter defeitos? Você já viu o ator de cinema chorar porque perdeu a mãe? O cantor de rock cheirar uma carreira de cocaína na frente da TV? O banqueiro ser preso por pedofilia? Não, você nunca viu essas imagens, porque a indústria do entretenimento e a sociedade de massas te apresentam a modelo, a atriz, o cantor e o banqueiro felizes, ricos, bonitos, perfeitos, em suma. Só você sofre, só você tem defeitos e chora por se sentir sozinho neste mundo.

Aceitar que vivemos numa sociedade que fabrica ilusões, porém, aumenta-nos o peso de termos de ser perfeitos o tempo todo. E então, face á nossa humanidade, podemos perdoar-nos por nossas fraquezas e falhas, e perdoando-nos, aceitarmo-nos tal como somos. Aceitando-nos podemos nos amar e amando-nos podemos amar a outra pessoa também. Assim, o medo do amor é na verdade o medo de si mesmo.

Portanto, amando a si mesmo podemos abrir nossos corações para que outra pessoa chegue. Uma pessoa que tem individualidade e personalidade próprias, mas que pode partilhar experiências de vida conosco, que pode partilhar visões de mundo conosco, que pode partilhar momentos de felicidade e tristeza conosco. E assim, ensinar-nos que o amor é um sentimento mais profundo.

Que o amor não se dá apenas na superfície, que para ele se realizar é necessário amarmos o todo de nós mesmos e do outro. E o TODO implica o lado bom e o lado ruim. Implica as fraquezas e as qualidades, os defeitos e a capacidade de doar-se. Implica que aceitemos a nós mesmos e ao outro por INTEIRO. Só desta maneira podemos visualizar o que há de divino em nós e no outro e assim, chegar á síntese tão sonhada pelos gregos.

E descobriremos ao final que não nos faltava nada, que estávamos preenchidos o tempo inteiro, bastava que buscássemos a nós mesmos! Bastava que nos conhecêssemos! E amássemos a nós mesmos integralmente! Alguém disse, não lembro quem, um verso assim: conhece-te a ti mesmo e conhecerás os mundos e os Deuses. Junto a este verso um outro, vindo do Mestre Jesus: ama ao próximo como a ti mesmo. Eis aí, todos os segredos revelados. Eis aí a solução de nossos medos mais profundos.

Lívia Petry

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Medo da Solidão

Existe um Mestre, Osho, que nos fala das diferenças entre solidão e solitude. Solidão, seria estar num sentimento de falta ( falta algo em nossa vida, falta alguém que nos preencha). Solitude seria um sentimento de preenchimento – estou sozinho por minha conta e pleno de amor, pleno de Deus. Por isso, Osho dizia que enquanto a solidão era um veneno, a solitude era a porta de entrada para o Divino em nossas vidas.

Hoje em dia, as pessoas costumam temer a solidão, a sensação de falta. Se repararmos, tudo em nossa sociedade funciona de acordo com uma dualidade: falta ( ou desejo) e preenchimento (ou consumo). Assim, as propagandas ao nosso redor criam-nos faltas imaginárias: o carro do ano, a casa num tal condomínio, a roupa de tal marca, o relógio da moda.

São carências que na verdade, não temos. Porém, elas são construídas dentro de nós com muito cuidado. Lembro da propaganda de um automóvel que mostrava uma mulher e um homem profundamente enamorados um pelo outro e ao fundo, tocava uma música que dizia: “ quando a luz dos olhos teus e a luz dos olhos meus se encontrar, então a luz dos olhos meus precisa se casar” A propaganda era um convite ao Amor, ao que há de mais sublime entre um homem e uma mulher. Pergunto: quantos de nós não seriam capazes de comprar o tal carro motivados pelo desejo de encontrar um amor verdadeiro? Eis aí, o truque da propaganda.

Eis aí a Sociedade de Consumo. Sentimos uma falta que nem sequer sabemos detectar qual é, mas carregamos a certeza que comprando um produto, teremos a ilusão de suprimi-la. Na realidade, nossas faltas se multiplicam ad infinitum, pois somos sempre estimulados a desejar algo e geralmente algo difícil de atingir, caro para se comprar, algo que nos preencha e que nos pareça de uma riqueza inabalável.

Não é à toa que volta e meia escutamos: isso é EXCLUSIVO, isso é para os VIPS, isso é ESPECIAL. Sim, é desta maneira que gostamos de nos sentir: Very Important Person, uma pessoa muito importante, uma pessoa única, uma pessoa especial. E vamos em busca dessas sensações. No entanto, há uma falta que o consumo não preenche. E que surge quando estamos em casa, sem televisão ligada, sem computador ligado, sem filhos, sem vizinhos, sem cachorro por perto. Quando estamos completamente em nossa companhia. Imersos em nós mesmos.

Então, surge a solidão. E o medo da solidão é avassalador. Mas de onde vem esse medo? Esse medo vem do sentimento de que somos pequenos, frágeis, vulneráveis. De que não somos completos ou perfeitos. De que precisamos de algo que nos faça perfeitos e completos. Nas horas em que estamos na nossa companhia, temos medo de encarar nossas falhas, nossos fantasmas, nossas fraquezas. Temos medo de nos olharmos no espelho da nossa alma e enxergarmos mais do que gostaríamos de ver.

Quem bebe muito, tem medo de ver o reflexo do alcoolismo, quem é desconfiado, tem medo de enxergar o reflexo da paranóia, quem faz sexo em excesso, tem medo de ver a compulsão refletida. E toda vez que nos enxergamos, somos capazes de entender nossas feridas, de conhecê-las melhor, de ir além das nossas limitações. Somos capazes de mudar nosso destino e nossos comportamentos. O medo da solidão, assim, também é o medo da mudança, da transformação de si mesmo.

Preferimos ficar agarrados ao que já conhecemos. Preferimos permanecer na superfície e não ter de olhar pra dentro de nós. A solidão assusta porque ela é uma ferramenta poderosa de auto-conhecimento, e ninguém quer se conhecer realmente. Porque dói. Porque enxergar nosso lado sombrio ás vezes machuca nosso ego, nossas certezas, nossa auto-estima. Ver que não somos apenas amor e bondade, mas também egoísmo e inveja, destrói a imagem perfeita que fazemos de nós mesmos para os outros e para nós.

Por isso, buscamos subterfúgios: ligamos o computador, falamos ao telefone, assistimos TV até tarde da noite. Estamos sempre em fuga, fugindo de nós mesmos, fugindo da sensação de estarmos conosco, sozinhos. Porém, quando descobrimos que não é necessário temer nossas sombras, quando descobrimos que podemos aceitar e amar nossas falhas, perdemos o medo da solidão. Se conseguíssemos olhar para nós e amar inclusive os defeitos, veríamos que já somos completos, que já somos perfeitos, que não necessitamos de nada que nos preencha, já estamos preenchidos!

Sou perfeita quando sinto ciúmes, sou perfeita quando desconfio de alguém, sou perfeita quando tenho vontade de fazer apenas o que quero, sem me importar com mais nada. Alguém nos disse um dia, que era FEIO ser egoísta, e ciumenta, e paranóica. Ninguém nos ensinou que defeitos, falhas, fraquezas, fazem parte de nós assim como a bondade e o amor!

Ninguém nos ensinou que antes de mais nada é necessário ACEITAR E AMAR  todos os nossos aspectos, inclusive e eu diria, PRINCIPALMENTE, os ruins! Porque é justamente por não nos perdoarmos e aceitarmos que sofremos. Sofremos porque sempre temos algum defeito visível. Porque temos a certeza de que não seremos amados ( se formos ciumentos, possessivos, egoístas, desconfiados).

Mas Deus é tão prodigioso, que volta e meia encontramos alguém que nos ama POR INTEIRO. Seja nosso pai ou mãe, seja um companheiro, amigo, colega de trabalho. E é nessas horas que descobrimos o segredo: que somos amáveis! Por inteiro! A Luz e a Sombra! As qualidades e as falhas! E aí, já não precisamos mais temer a solidão! Podemos transformá-la em solitude, em preenchimento, em plenitude, porque finalmente podemos estar inteiros diante de nós mesmos!

Amando-nos a nós próprios sem restrições!

Lívia Petry

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Além do Horizonte do Medo

Estava aqui ouvindo esta canção do Roberto Carlos (e Erasmo), Além do Horizonte, e fiquei pensando que horizonte é esse além do qual a alegria e a felicidade existem, e onde se pode viver em paz num paraíso de amor.

Ora, a (minha) resposta veio imediatamente: só pode ser o horizonte do medo. Qual mais seria? E aqui não falo de medo específico, e sim do medo comum a todos os seres vivos, seja ele medo de morrer ou medo de avião.

Mas todo medo terreno aponta para um medo maior, mais alto: o medo de não existir depois que a matéria se for. Pois o medo de estar separado, excluído, de estar sozinho na terra e distante de Deus nos leva a pensar em como é isso depois de passarmos desta para melhor. Mesmo os que negam a Deus, ou o Criador, o Cosmos, Universo, ou o nome que Ele receba em cada cultura, ou seja, os ateus, será que eles deixam de pensar seriamente sobre o que restará depois da morte física?

Já ouvi pessoas que não acreditam em vida espiritual após a morte do corpo defender esta ideia com unhas e dentes numa hora, mas em outra entram em dúvida, e hesitam na própria afirmação, ficando com medo de que seja diferente.

Mas pelo menos podemos pensar a questão, indo além do limite do medo de as coisas não serem como a gente imagina. Indo além do nosso próprio ego, que é nossa memória morta do passado, podemos nos conceber como seres com alma, espírito e consciência, e que esta consciência não acaba depois da morte física. Para isso, precisamos deixar de pensar esta ideia para além do sentimento comum a todos os seres encarnados, que é o medo da morte.

Tem um conceito interessante sobre isso que me lembrei outro dia, que é: nós somos aquele que continua, ou seja, o "eu" em nós que está vivo, presente no momento presente, independente de tudo que tenhamos passado e das sequelas que temos ainda disso, mentais, emocionais ou físicas. Eu sou aquele que continua vivo no momento presente, atento ao que se passa comigo aqui e agora. E isto é o que vale, apesar de qualquer coisa boa ou ruim que pensemos de nós mesmos.

Voltando então à canção do Roberto, entendo que para conhecer o Paraíso de Amor, a gente precisa ir além do horizonte do medo, qualquer que seja ele, da maneira que cada um puder e no tempo que puder.

Pois a ideia aqui é de vencer o medo, superar a si próprio, ir além do nosso horizonte limitante de medo, que é o famoso único inimigo (interno) que temos, como dizem os orientais, encarando-o, entrando nele, para aprender a sair dele.

Boa meditação,

Gentil.

***

Vamos então à música do mestre Roberto Carlos, que nos incentiva a procurar o que está além do horizonte. Vejam esta bela versão desta canção, que acho de arrepiar, numa parceria com Jota Quest (eles mudam a letra um pouco na apresentação, fazendo improvisos; mais abaixo, uma versão somente do Jota Quest):

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Além do Horizonte deve ter

Algum lugar bonito
Prá viver em paz
Onde eu possa encontrar
A natureza
Alegria e felicidade
Com certeza...

Lá nesse lugar
O amanhecer é lindo
Com flores festejando
Mais um dia que vem vindo...

Onde a gente pode
Se deitar no campo
Se amar na relva
Escutando o canto
Dos pássaros...

Aproveitar a tarde
Sem pensar na vida
Andar despreocupado
Sem saber a hora
De voltar...

Bronzear o corpo
Todo sem censura
Gozar a liberdade de uma vida
Sem frescura...

Se você não vem comigo
tudo isso vai ficar
no horizonte esperando
por nós dois

Se você não vem comigo
nada disso tem valor
de que vale o paraíso
sem amor

Além do Horizonte
Existe um lugar
Bonito e tranqüilo
Prá gente se amar...

Lá Larálarálarálará Lalá
Lá Larálaralarálará Laralá
Lá Laralaralarálará Lalá
Lá Larálarálarálará Laralá...(2x)

Se você não vem comigo
Tudo isso vai ficar
No Horizonte
Esperando por nós dois...

Se você não vem comigo
Nada disso tem valor
De que vale o paraíso
sem Amor...

Além do Horizonte
Existe um lugar
Bonito e tranqüilo
Prá gente se amar...

Lá Larálarálarálará Lalá
Lá Larálarálarálará Laralá
Lá Larálarálarálará Lalá
Lá Larálarálarálará Laralá...(2x)

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O melhor é viver sem medo

Ouvindo esta canção da Rosana Arbelo, cantora espanhola (nascida em 1963), Sin Miedo, que um amigo meu de Barcelona me enviou, me lembrei que quando eu era criança eu sonhava constantemente com as coisas que eu queria fazer na vida. Eu não tinha medo de sonhar, pois naquela época eu era um sonhador. E hoje me dou conta que realizei o que eu sonhava naquela época, e muito mais.

Quando eu era pequeno, morando no interior de Minas Gerais, meu maior sonho era morar numa cidade grande e fazer faculdade. E isso faz tempo que fiz: me graduei em Letras em 1991. Na graduação, sonhei em traduzir as Folhas de Relva de Walt Whitman, o que comecei no mestrado, continuei no doutorado, estando agora continuando neste trabalho (publicado no site Poesia de Whitman). Durante esse tempo, sonhei em publicar meus escritos e traduções, o que também fiz e estou fazendo. E agora, quando eu achava que tinha parado de sonhar, recordei a minha infância e estou vendo que posso continuar sonhado com o que quero pra mim, posso ser de novo um sonhador. E esta canção me ajudou a lembrar isso mais ainda, até porque o divino é o tema mais alto e freqüente abordado por Whitman em sua poesia. Segue o vídeo da música com a letra abaixo (a canção A Fuego Lento também é dela).



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SIN MIEDO (Rosana)

Sin miedo sientes que la suerte está contigo
Jugando con los duendes abrigándote el camino
Haciendo a cada paso lo mejor de lo vivido
Mejor vivir sin miedo

Sin miedo, lo malo se nos va volviendo bueno
Las calles se confunden con el cielo
Y nos hacemos aves, sobrevolando el suelo, así
Sin miedo, si quieres las estrellas vuelco el cielo
No hay sueños imposibles ni tan lejos
Si somos como niños
Sin miedo a la locura, sin miedo a sonreir

Sin miedo sientes que la suerte está contigo...

Sin miedo, las olas se acarician con el fuego
Si alzamos bien las yemas de los dedos
Podemos de puntillas tocar el universo, sí
Sin miedo, las manos se nos llenan de deseos
Que no son imposibles ni están lejos
Si somos como niños
Sin miedo a la locura, sin miedo a sonreir

Sin miedo sientes que la suerte está contigo...

Lo malo se nos va volviendo bueno
Si quieres las estrellas vuelco el cielo
Sin miedo a la locura, sin miedo a sonreir.

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Morihei Ueshiba: documentário sobre o grande Mestre

Caros leitores,

incluo aqui um documentário sobre o grande Mestre Ueshiba, um material raro e único. Ele está em cinco partes e é narrado em inglês. Mas isso não nos impede de apreciar as imagens, os movimentos e os treinos:


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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Morihei Ueshiba: a verdadeira vitória é a vitória sobre si mesmo

Morihei Ueshiba (1883-1969), o criador do Aikido, também era mestre do Judô, Kendô e Jujutsu. Também foi o fundador da Aikikai, a Fundação que promove desde o final da segunda guerra mundial o Aikido pelo mundo.

Um dos fundamentos do Aikido é a não-violênica, o não atacar. Só o fato de você querer dar o primeiro golpe em alguém já significa treinamento insuficiente.

Isso também quer dizer que o único oponente, ou inimigo, é a própria pessoa.

Assim, a verdadeira vitória é a autovitória, a vitória sobre si mesmo, no presente, contra os inimigos internos.

Os mais perigosos, na visão de Ueshiba, são: o medo, a raiva, a confusão, a dúvida e o desespero.

Quando conseguirmos superar esses adversários de nossa paz interior, estaremos prontos para superar qualquer ataque exterior, pelo simples fato de que não estaremos mais expostos a eles e saberemos evitá-los, assim como os vencemos internamente.

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Para obter mais informações sobre Mestre Ueshiba, recomendo a vocês dois livros excelentes sobre o Caminho do Guerreiro: Segredos do Budo, de John Stevens, e Três Mestres do Budo, do mesmo autor, ambos pela Editora Cultrix.

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A relação de oponentes internos criada pelo grande Mestre, a serem superados por qualquer ser humano, e não apenas pelos seguidores do Caminho do Guerreiro, foi ampliada por um discípulo de Mestre Ueshiba, o Dr. Austro Queiroz, fundador/conceptor do Zen Budo: o Dr. Queiroz criou o Jogo do PAS, que é o Programa de Auto-Superação. Nele, há dez passos a serem percorridos para se chegar à Paz Interior. Os 9 primeiros passos desses dez podem ser também vistos como inimigos internos a serem vencidos. Embora estejam numa ordem diferente da fornecida pelo Mestre japonês, neste jogo os cinco primeiros passos são os mesmos:

1. medo,
2. raiva,
3. dúvida,
4. confusão,
5. desespero,
6. alienação,
7. demência,
8. exaustão,
9. morte,
10. renascimento.

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Você também pode acessar o Jogo do PAS pelo Blog do Jogo do PAS.

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sábado, 16 de janeiro de 2010

Alfred Webre: despertando para uma era de luz e amor

Alfred Webre, Juiz Internacional da Corte de Kuala Lumpur, ex-assessor do Presidente Jimmy Carter (1977) e Presidente de Exopolítica, fala sobre a humanidade, nossas almas, multidimensionalidade, interdimensionalidade, extra-terrestres, luz e amor, escuridão, cérebro reptiliano, vaticano, corrupção, Rothschilds, Rockefellers, Bush (senior e junior), Obama, Império Romano, dinheiro, poder, urânio radioativo, viagens no tempo, Gripe A, Sionistas, visão remota, Unidade Cósmica e o destino da humanidade e do planeta terra numa entrevista concedida na Espanha.

Assistam a esta importantíssima entrevista neste vídeo (ele fala em espanhol, de uma maneira bem pausada e fácil de entender para falantes de português):


Entrevista Alfred Webre from Manel Macià on Vimeo.

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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Medo, fobia ou simples paranoia?

Estava lendo um artigo sobre a diferença entre medo, fobia e pânico, chamado Você tem medo de quê?.

Nesse artigo, os especialistas descrevem o medo, que dizem ser natural, que gera o processo clássico de luta ou fuga. Como essas reações eram naturais em contextos antigos, elas hoje provocam simplesmente o estresse, pois não estamos mais num ambiente em que podemos sempre lutar ou fugir. Ou seja, hoje nós racionalizamos isso, e na maioria dos casos não conseguimos resolver o problema, nos tornando pessoas estressadas pelo acúmulo de reações controladas de luta ou fuga.

Eles também descrevem na mesma matéria as fobias, como um medo aumentado, mas sem a causa do medo, ou seja, é uma reação sem objeto, que aparece apenas como um fantasma de algo que aconteceu em algum momento do passado.

Para dizer de maneira bem direta, uma fobia é uma paranoia, um medo gerado pela memória de um momento traumático vivido numa realidade que não existe mais. É como um programa que fica rodando automaticamente toda vez que se aperta determinada tecla.

E depois disso tudo vem o pânico, que é uma reação extrema totalmente irracional advinda de uma paranóia. Tanto que podemos sempre dizer que temos medo de algo (o objeto do medo é identificável), mas não pânico de algo. Pânico é pânico, não tem razão causal ou racional de acontecer. Mas acontece. Nessa hora, assim como nas fobias, a única coisa possível de se fazer é respirar fundo, inspirando e expirando pausadamente, para poder botar os nervos no lugar, focalizando mais a expiração do que a inspiração, pois temos mais excesso de ar do que falta dele.

Posso dizer isso de cadeira, pois já passei pelo pânico algumas vezes, e literalmente só a busca de calma através da respiração me salvou.

Para mim, os aspectos mais importantes desse processo é entender que uma fobia é uma memória passada, um programa, que se apresenta no presente como paranoia, ou seja, medo de que vá se repetir (é o passado gerando o futuro, e tirando a pessoa do presente). Por isso é preciso lembrar que isso é irreal, pois o que passou é passado, não vai se repetir. É mais importante trabalhar esta ideia, ou seja, focar o presente,  e verificar no contexto presente que ele não tem mais a causa do passado.

E trabalhar a respiração, que é um exercício físico/fisiológico que nos mantém no presente. A RESORI, ou Respiração Original é um excelente método para isso.

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domingo, 3 de janeiro de 2010

Como levar a vida em paz

Yamamoto Tsunetomo, grande samurai do século 18, escreveu o Hagakure, que é o Livro do Samurai que nos entrega os ensinamentos do Caminho do Guerreiro. Estes escritos dele foram produzidos depois que se retirou da vida de vassalo, quando seu senhor feudal morreu e a nova legislação proibia aos samurais de cometerem seppuku (suicídio ritual conhecido popularmente como harakiri). A partir daí ele levou uma vida reservada, de monge.

No capítulo II, pág. 103, da edição da Conrad, ele nos ensina:

"A vida do ser humano é realmente curta. A melhor maneira de viver é levar a vida fazendo o que você gosta. É tolice passar a vida toda envolvido pela ilusão que é este mundo, vendo coisas desagradáveis e fazendo apenas coisas de que não gosta. Mas é importante não dizer isso aos jovens, pois seria prejudicial se não fosse compreendido corretamente.

Quanto a mim, gosto de dormir. Pretendo me confinar cada vez mais dentro do meu quarto e passar a vida dormindo."

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