sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Por que temos medo de amar?

Uma vez, estava num programa de rádio, respondendo perguntas sobre o relacionamento humano, quando, por telefone, um rapaz me questionou por que temos medo de amar.

Não lembro o que respondi. Porém, minha resposta não deve ter sido muito satisfatória, visto que conhecia quase nada desses caminhos em mim, naqueles tempos idos. E fiquei devendo essa resposta ao ouvinte e a mim mesma.

Por isso a vontade de escrever sobre o tema. Por isso a vontade de compartilhar essas  reflexões.

O que conhecemos mesmo desse sentimento tão cantado em verso e prosa pelos poetas e por nós, pobres mortais? Todos arriscamos falar dele, tentando entendê-lo, compreendê-lo. Muitas vezes com a banalização de uma afirmação recorrente, “Eu te amo!”

Mas, de que amor mesmo estamos falando? Sabemos o que é o amor? Ou será que chamamos de amor o que não é mesmo amor?

Há dois mil anos atrás, recebemos uma lição de um homem considerado o Anjo do Amor.

Jesus Cristo é o nome dele.

Ele nos deu um testemunho de amor incondicional. Em troca lhe agredimos. Blasfemamos. Tudo porque tivemos medo do amor. Em momento algum ele deixou de nos amar. Ainda pediu ao Pai que perdoasse a nossa ignorância. Nada nos pediu, só nos deu. Se doou de corpo e alma, inteiramente, literalmente.

Lembro da canção religiosa “prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão”.

Muito tempo se passou desde lá. E nós, já aprendemos a lição?

Os fatos nos mostram que não. Não aprendemos. Tantas guerras, tantos sofrimentos e dores, só refletem fora o desamor que vivemos dentro.

Ainda amamos sob condições, fazendo exigências, idealizando o próximo. E se ele não cabe na nossa forma, julgamos que não é merecedor do nosso amor.

Cazuza cantou uma canção que dizia assim: “para quem não sabe amar e fica esperando alguém que caiba nos seus sonhos”. Sábio Cazuza, já entendia que idealização não é expressão de amor. É fuga do amor.

É medo do amor.

Por não  nos sentirmos merecedores dele. Por ainda nos culparmos de não termos recebido o amor maior.

Há um pensamento em nós, que acredita que será assim para sempre, que não podemos mudar. Mas é um sistema de crenças e se ele já não nos serve mais, podemos criar outro sim. Só depende de nós. De um esforço próprio.

Creio que os primeiros passos dessa lição começam  na aceitação dos limites que nós mesmos nos impusemos. Aceitá-los é poder expandi-los.

Após toda essa reflexão, já posso responder ao ouvinte da rádio e a mim mesma, que o medo de amar, é o medo de Ser livre, de Ser grande. Nos acostumamos com nossa pequenez. Nos conformamos com o nosso desamor.

Nelson Mandela escreveu que nós não temos medo da nossa escuridão, nós temos medo mesmo é da nossa luz. É ela que nos assusta. Pois com ela nos tornamos poderosos e não sabemos lidar com esse poder, que não é o da terra.

Percamos então o medo de se ver no medo de amar!

Já podemos sonhar com o amor incondicional, o de verdade.

Esse já é um sonho meu!

Iramaia

***