quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Arquivo da Falésia Azul - Caso 65

Caso 65:  Um Não-Budista Questiona Buda[1]

 

Um não-Budista perguntou a Buda, “Eu não pergunto sobre palavras, eu não pergunto sobre não-palavras.”

Buda permaneceu imóvel. O não-Budista o elogiou e disse, “A grande benevolência e a grande misericórdia Do Honrado pelo Mundo abriu as nuvens de minha ilusão e me habilitaram a adentrar o Caminho.”

Após o não-Budista ter partido, Ananda perguntou a Buda, “O que que o não-Budista realizou para que ele dissesse  que você o tinha habilitado a adentrar o Caminho?”

Buda disse, “Ele é como um belo cavalo que corre até com a sombra de um chicote.”

 

[1] Conferir o caso 32 em O Portal Sem Porta.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Arquivo da Falésia Azul - Caso 64

Caso  64:    Jôshû e as Sandálias[1]

 

Nansen contou a Jôshu o que tinha acontecido, e pediu a ele sua opinião.

Por causa disso, Jôshu pegou suas sandálias, colocou-as sobre sua cabeça e foi embora.

Nansen disse, “Se você tivesse estado lá, eu poderia ter poupado o gato.”

 

[1] Conferir o caso 14 em O Portal Sem Porta.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Arquivo da Falésia Azul - Casos 62 e 63

Caso 62:   “Um Tesouro” de Unmon

 

Unmon, instruindo a assembleia, disse, “Dentro do céu e da terra, no meio do universo, há um tesouro escondido em um corpo.[1] Você pega o lampião e vai ao Salão do Buda; você pega o portão do templo e o coloca no lampião.”

 

[1] Uma frase do Hôzôron do  Monge Jô (?-414).

***

Caso 63:   Nansen Mata um Gato[1]

 

Uma vez os monges dos salões Zen leste e oeste do templo de Nansen estavam discutindo sobre um gato. Quando ele viu isso, Nansen levantou o gato e disse, “Vocês monges! Se algum de vocês puder dizer uma palavra, eu não matarei o gato.” Ninguém conseguiu responder. Nansen cortou o gato em dois.

 

[1] Conferir o caso 14 em O Portal Sem Porta.

Arquivo da Falésia Azul - Casos 60 e 61

Caso 60: O Cajado de Unmon

 

Unmon mostrou seu cajado para a assembleia e disse, “Este cajado se transformou em um dragão e engoliu o céu e a terra.  De onde vem as montanhas, rios e a grande terra?”

***

Caso 61:   “Casa e Nação” de Fuketsu

 

Fuketsu, dando instrução, disse, “Se alguém levanta um grão de poeira, a casa e a nação prosperam. Se alguém não levanta um grão de poeira, elas perecem.”

(Setchô levantou seu cajado e disse, “Há alguém que viva e morra com isso?”)

Arquivo da Falésia Azul - Caso 59

Caso 59:   O “Caminho Supremo” de Jôshû

 

Um monge perguntou a Jôshu, “O Caminho supremo não é difícil, ele simplesmente desgosta de escolher. Mas mesmo se uma palavra é pronunciada, isso já é uma ação de ‘escolha’. –Então como você pode, Mestre, tentar liderar outras pessoas?” Jôshu disse, “Por que você não cita a frase até o fim?” O monge disse, “Eu tinha só isso em minha mente.” Jôshu disse, “É somente: ‘O caminho supremo não é difícil; ele simplesmente desgosta de escolher.”[1]

 

[1] Conferir o caso 2.

Arquivo da Falésia Azul - Caso 58

Caso 58:   Jôshû e a "Armadilha"

Um monge perguntou a Jôshu, “O Caminho supremo não é difícil; ele simplesmente desgosta escolher. Não é essa a armadilha das pessoas de nosso tempo?[1]”

Jôshû disse, “Uma vez alguém me perguntou algo assim. Sinto muito que mesmo depois de cinco anos eu ainda não posso dar uma resposta a isso.”

 

[1] Isto é, "você".

Arquivo da Falésia Azul - Caso 57

Caso 57:   Jôshû e o "Capiau"

 

Um monge perguntou a Jôshu, “O Caminho supremo não é difícil; ele simplesmente desgosta de escolher. O que é não-escolha?”

Jôshu disse, “Acima dos céus e sob os céus eu sou o único, solitário e exaltado.”

O monge disse, “Isso ainda é escolher.”

Jôshu disse, “Seu capiau estúpido, onde está a escolha?”

O monge permaneceu em silêncio.

Arquivo da Falésia Azul - Caso 56

Caso 56:   Kinzan e a "Flecha"

 

Um devoto Zen chamado Ryô perguntou a Kinzan, “O que acontece quando uma única flecha atravessa três barreiras?” Kinzan disse, “Afaste o mestre de trás das barreiras, para que eu possa vê-lo.”

Ryô disse, “Se sim, reconhecerei minha falha e a corrigirei.”

Kinzan disse, “Até quando você quer esperar?” Ryô disse, “Eu fiz um belo tiro, mas ninguém podia ver a flecha,” e saiu.

Kinzan disse, “Espere, senhor.” Ryô virou sua cabeça. Kinzan o agarrou e disse, “Vamos deixar de lado a estória da flecha que atravessa três barreiras. Apenas atire uma flecha para mim, para que eu possa vê-la.” Ryô hesitou. Kinzan bateu nele sete vezes com uma vara e disse, “Eu permitirei a este companheiro se manter perturbando por trinta anos.”

Arquivo da Falésia Azul - Caso 55

Caso 55:  A Visita de Pêsames de Dôgo

 

Dôgo e Zengen foram a uma casa para expresser pêsames. Zengen tocou no caixão e disse, “Isto é vida ou morte?” Dôgo disse, “Eu não digo vida, eu não digo morte.”

Zengen disse, “Por que não?”  Dôgo disse, “Não direi, não direi.”

No caminho de volta, Zengen disse, “Mestre, por favor diga-me imediatamente. Se você não disser, eu lhe baterei.” Dôgo disse, “Se você quer me bater, você pode me bater. Mas eu nunca direi.”

Por isso, Zengen o acertou.

Algum tempo depois Dôgo faleceu. Zengen foi a Sekisô e contou-lhe o que tinha acontecido.

Sekisô disse, “Não digo vida, não digo morte.” Zengen disse, “Por que não?”

Sekisô disse, “Não direi, não direi.” Com estas palavras, Zengen chegou repentinamente a uma visão interior.

Um dia, Zengen pegou uma enxada e caminhou no salão do Dharma de leste pra oeste e de oeste pra leste.

Sekisô disse, “O que você está fazendo?” Zengen disse, “Estou procurando os ossos sagrados do falecido mestre.” Sekisô disse, “Vagas gigantes em todos os lugares, cristas espumosas se avolumando até o céu. Que tipo de ossos sagrados de seu falecido mestre  você está procurando?”

(Setchô comentou, "Céus! céus!")

Zengen disse, "Isso foi muito bom para mim para ganhar poder.”

Taigen Fu[1] disse, "Os ossos sagrados do falecido mestre ainda estão lá."

 

[1] Ele era da linha do Dharma de Seppô.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Arquivo da Falésia Azul - Caso 54

Caso 54: Unmon Espicha Seus Braços

 

Unmon perguntou a um monge, “De onde você veio?” O monge disse, “De Saizen.”

Unmon disse, “Que palavras Saizen disse ultimamente?” O monge espichou seus braços.

Unmon estapeou-o.  O monge disse, “Eu tenho algo a dizer sobre isso.” Unmon então espichou seus próprios braços. O monge permaneceu em silêncio. Em seguida Unmon o acertou.

Arquivo da Falésia Azul - Caso 53

Caso 53: Hyakujô e os Patos Selvagens

Quando o Grande Mestre Ba estava caminhando com Hyakujô, ele viu patos selvagens voando por ali. O Grande Mestre disse, “O que é aquilo?” Hyakujô disse, “Patos selvagens.”

O Grande Mestre disse, “Onde ele foi?”

Hyakujô disse, “Eles voaram para longe.” O Grande Mestre torceu a ponta do nariz de Hyakujô.

Hyakujô gritou de dor O Grande Mestre disse, "Por que voaram para longe?"

Arquivo da Falésia Azul - Caso 52

Caso 52: A Ponte de Pedra de Jôshû

 

Um monge perguntou a Jôshu, “Por um longo tempo, a ponte de pedra de Jôshu[1] tem ressoado em meus ouvidos. Mas agora que vim aqui, vejo apenas uma ponte de madeira.”

Jôshu disse, “Você simplesmente vê uma ponte de madeira; você não vê a ponte de pedra ainda.”

O monge disse, “O que é a ponte de pedra?”

Jôshu disse, “Ela deixa burros passarem, ela deixa cavalos passarem.”

 

[1] Conferir a nota ao Caso 9 (o nome do Mestre Zen Jôshu é tirado da cidade Jôshu, perto da qual ele ensinava).

Arquivo da Falésia Azul - Caso 51

Caso 51: “O Que É Isto?” de Seppô

Quando Seppô estava morando em um monastério, dois monges vieram manifestar sua admiração. Quando os viu chegando, Seppô abriu o portão de seu monastério de supetão com suas mãos, pulou para fora e disse, “O que é isto?” Os monges também disseram, “O que é isto?” Seppô baixou a cabeça e retirou-se para o interior do seu monastério.

Mais tarde, os monges vieram a Gantô. Ele perguntou-lhes, “De onde vocês vieram?” Os monges disseram, “De Reinan.[1]” Gantô disse, “Você alguma vez visitaram Seppô?” Os monges disseram, “Sim, nós o visitamos.” Gantô disse, “O que ele disse?” Os monges relataram o que tinha acontecido.

Gantô disse, “O que mais ele disse?” Os monges disseram, “Nem uma palavra; ele baixou sua cabeça e se retirou para dentro de seu monastério.” Gantô disse, “Ah, como arrependo-me agora de que naqueles dias eu não disse-lhe a última palavra! Se eu tivesse dito-lhe, ninguém sob o céu poderia fazer qualquer coisa contra ele.”

Ao final do período de prática de verão, os monges voltaram a essa conversa e perguntaram-lhe sobre o significado disso. Gantô disse, “Por que vocês não me perguntaram sobre isso antes?” O monge disse, “Nós não ousaríamos perguntar-lhe sobre isso.” Gantô disse, “Seppô nasceu no mesmo caule que eu[2], mas ele não morrerá no mesmo caule. Se vocês querem saber a última palavra, é só isso.”

 

[1] Uma região no sul, onde Seppô estava morando naquele tempo.

[2] Seppô e Gantô eram ambos alunos de Tokusan.  Conferir o Caso 13 no Mumonkan (O Portal Sem Porta).

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Arquivo da Falésia Azul - Casos 49 e 50

Caso 49:  “A Rede” de Sanshô

 

Sanshô perguntou a Seppô, “Quando um peixe com escamas douradas tiver passado pela rede, o que ele devia conseguir como alimento?”

Seppô disse, “Eu lhe direi quando você tiver passado pela rede.”

Sanshô disse, “Um grande mestre Zen com 1500 discípulos não sabe como falar.”

Seppô disse, "O velho monge[1] está simplesmente ocupado demais com coisas do templo."

 

[1] Isto é, “Eu”.

***

Caso 50:  Unmon e o "Pó-Pó Samadhi"

 

Um monge perguntou a Unmon, “O que é o pó-pó samadhi?”[1]

Unmon disse, "Arroz na tigela, água no balde."

 

[1] A palavra “pó” vem da expressão “seis partículas de pó”, que significa a mesma coisa que os “seis objetos”, conforme nota ao Caso 47.

Arquivo da Falésia Azul - Caso 48

Caso 48:   Chá no Templo Shôkei

 

O ministro Ô[1] visitava o Templo Shôkei, onde ele ofereceu chá. O monge sênior Rô pegou a chaleira para servir  Myôshô[2].

Mas Rô virou a chaleira (sobre a bandeja de chá). O ministro viu isso e perguntou ao monge sênior, “O que há sob a bandeja de chá?”

Rô disse, “Divindades segurando a bandeja.[3]”

O ministro disse, “Se há divindades segurando a bandeja, por que elas viraram a chaleira?”

Rô disse, “Milhares de dias de bom serviço – tudo é perdido em uma manhã.”

O ministro agitou suas mangas e saiu.

Myôshô disse, "Elder Rô,  você comeu muito arroz no Templo Shôkei, e no entanto você é simplesmente um toco [inútil] no campo.”

Rô disse, "O que você teria dito, Mestre?"

Myôshô disse, "Estes seres não-humanos[4] fizeram um estrago.”

(Setchô disse, "Naquele momento eu teria chutado a bandeja de chá.")

[1] O ministro Ô era um patrono  do Templo Shokei.

[2]  Myôshô era mais velho que Rô. Ele era o abade do templo vizinho e aparentemente foi convidado para o chá também.

[3] As pernas da bandeja de chá eram em formato de semideuses.

[4] Isto é, as "divindades que seguram a bandeja".

Esse conto é bastante estranho, como toda estória zen. Vejamos alguns detalhes: “hearth” significa lareira (neste caso, seria uma lareira móvel para aquecer a chaleira; no oriente há lareiras no chão; mas esta tem pernas, ou seja, é elevada; assim, traduzi como bandeja); “Elder” significa ancião, ou mais velho; neste caso não dá pra saber se é o nome do monge ou se ele está sendo chamado de ancião, posto que Myôshô é mais velho que Rô.

A expressão “comeu muito arroz” eu deixei no literal, pois tem um significado evidente, de que o monge está há muito tempo naquele local. E o Setchô sempre faz comentários mais estranhos ainda. A menos que alguém apareça com uma tradução melhor, vamos deixar assim, com essa atmosfera tipicamente zen.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Arquivo da Falésia Azul - Caso 47

Caso 47: Os “Seis” de Unmon

 

Um monge perguntou a Unmon, “O que é o corpo-do-Dharma[1]?”

Unmon disse, “Os seis[2] não conseguem apreendê-lo.”

 

[1] Conferir a nota ao Caso 39.

[2] “Seis” significa “seis raízes” (olho, ouvido, nariz, língua, corpo, consciência), “seis objetos” (cor, voz, odor, gustação, tato, fenômeno)  e / ou “seis funções” (vista, audição, olfato, gustação, tato, saber). Ou poderia ser qualquer outra “seis”-dade.

Arquivo da Falésia Azul - Caso 46

Caso 46: Kyôsei e as Gotas de Chuva

Kyôsei perguntou a um monge, “O que é esse som lá fora?” O monge disse, “Esse é o som das gotas de chuva.” Kyôsei disse, “As pessoas vivem num mundo confuso. Elas se perdem em ilusões sobre si mesmas e apenas buscam objetos [externos].” O monge disse, “E você, Mestre?” Kyôsei disse, “Eu estava à beira de me perder em tais ilusões sobre mim mesmo.” O monge disse, “O que você quer dizer, ‘à beira de me perder em tais ilusões sobre mim mesmo’?” Kyôsei disse, “Avançar [para o mundo da Essência] pode ser fácil. Mas expressar completamente o âmago da substância é difícil.”

Arquivo da Falésia Azul - Caso 45

Caso 45: “O Manto de Tecido” de Jôshu

 

Um monge perguntou a Jôshu, “Os dez mil Dharmas[1]  resumem-se a um. A que esse um resume-se?”

Jôshu disse, “Quando eu estava morando na Província de Sei, eu fiz um manto de tecido. Ele pesava sete libras[2].”

 

[1]  A palavra "Dharma" significa aqui "fenômeno". "Dez mil   Dharmas" significa, portanto, "todas as coisas que existem no mundo dos fenômenos".

[2] Libra, em inglês, ‘pound’, é a moeda e o peso, que neste caso equivale a 453 gramas (7 libras dão em torno de 3,5 kg).

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Arquivo da Falésia Azul - Caso 44

Caso 44: “Rufem os tambores” de Kasan

 

Kasan, dando instrução, disse, “Prática e aprendizado – isso é chamado ‘audição’ (mon); completando o aprendizado – isso é chamado ‘estar próximo [ao fato]’ (rin). Quando você tiver passado por esses dois, isso é chamado ‘verdadeira passagem’ (shinka).”

Um monge deu um passo adiante e perguntou, “O que é a ‘verdadeira passagem’?”

Kasan disse, “Rufem os tambores.”

Ele perguntou de novo, “O que é a verdadeira Realidade?”

Kasan disse, “Rufem os tambores.”

Ele perguntou de novo, “Não pergunto sobre a frase ‘a própria Mente é Buda.’[1] [Mas] O que significa ‘Nem a Mente nem Buda[2]?”

Kasan disse, “Rufem os tambores.”

Ele perguntou mais uma vez, “Quando alguém que conhece a Verdade última vem, como deveríamos recebê-lo?”

Kasan disse, “Rufem os tambores!”

 

[1] Cf. Caso 30 (A própria mente de Baso)  no Mumonkan (O Portal Sem Porta, também traduzido e publicado no blog Vencer o Medo e em livro na Amazon).

[2] Cf. Caso 33 (Nem a Mente nem Buda) no Mumonkan.

Arquivo da Falésia Azul - Caso 43

Caso 43: “O Frio e Calor” de Tôzan

 

Um monge perguntou a Tôzan, “Quando o frio e o calor vem, como alguém poderia evitá-los?”

Tôzan disse, “Por que não ir para um lugar onde não haja nem frio nem calor?”

O monge disse, “Que tipo de lugar é esse onde não há nem frio nem calor?”

Tôzan disse, “Quando está frio, o frio lhe mata; quando está quente, o calor lhe mata.”

Arquivo da Falésia Azul - Caso 42

Caso 42: “A Bela Neve” de Hô Koji

Hô Koji[1] estava deixando Yakusan.  Este último  ordenou que dez de seus estudantes de Zen acompanhassem Koji até o portão do templo. Koji apontou para a neve caindo no ar e disse, “Belos flocos de neve!—eles não caem em nenhum outro lugar.” Naquele momento havia um aluno chamado Zen, que disse, “Onde então eles caem?” Koji deu-lhe um tapa. Zen disse, “Koji, não seja tão duro.”  Koji disse, “Se você se nomeia estudante Zen em tal condição, o Velho En[2] nunca lhe liberará!”

Zen disse, “O que então você diria, Koji?” Koji estapeou-lhe de novo e disse, “Você vê com seus olhos, mas você é como um homem cego. Você fala com sua boca, mas você é como um homem mudo[3]  apenas.”

(Setchô acrescentou seu comentário, “Ás primeiras palavras, eu imediatamente teria feito uma bola de neve e arremessado contra ele.”

 

[1] Koji é um título honorífico para um praticante leigo do Budismo.

[2] Geralmente chamado “Emma-Daiô” (o Rei do inferno Emma). Diz-se que ele é o juiz temerário na entrada do reino dos mortos.

[3] Em inglês, ‘dumb’, que também significa estúpido, burro, tolo.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Arquivo da Falésia Azul - Casos 39, 40 e 41

Caso 39: “A Cerca do Jardim” de Unmon

 

Um monge perguntou a Unmon, “O que é o Puro corpo-do-Dharma?”[1]

Unmon disse, “cerca de Flor”[2]

O monge disse, “E se eu entender o assunto dessa maneira?”

Unmon disse, “Um leão de pelo dourado.”

 

[1] O corpo da Verdade última (Japonês: hôshin;  sânscrito: dharmakaya) ou um dos três corpos de Buda.

[2] Em Japanês: Kayakuran.  De fato, era uma cerca de flores ao redor de um toalete.

***

Caso 40: Nansen e a Flor

 

O Ministro Rikukô conversou com Nansen.

Rikukô disse, "O professor de Dharma Jô disse,

'O Céu e a terra e eu temos uma única e mesma raiz; todas as coisas e eu são um único corpo.’ Que maravilha isso!”

Nansen apontou as flores no jardim, chamou a Rikukô e disse,

“As pessoas de nosso tempo[1] veem essas flores como num sonho.”

 

[1] Isto é, "você".

***

Caso 41: “A Grande Morte” de Jôshu

Jôshu perguntou a Tôsu,

“E se um homem que morreu uma grande Morte volta à vida?”

Tôsu disse,

“Eu não permito caminhar por aí à noite. Venha durante o dia.”